FCO.LAMBERTO FONTES
Trabalha em JORNALISMO INTERATIVO
Mora em ARAXÁ/MG
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16 de Novembro de 2015
TOLEDO QUESTIONA
PUNIÇÃO PELA
'MORTE DO RIO DOCE'
“Há algo de errado no mundo quando
caçar um animal silvestre pode levar uma pessoa para a cadeia, mas destruir
toda uma bacia hidrográfica, provocar a morte de mais de uma dezena de pessoas,
assorear rios caudalosos, extinguir espécies inteiras, deixar meio milhão de
pessoas sem água potável é punido só com multa”, diz o colunista José Roberto
de Toledo sobre o desastre em Mariana; “Por enquanto fala-se em R$ 250 milhões.
É uma ninharia, para empresas desse porte. É menos do que a Vale - uma das
sócias da Samarco – gastou financiando campanhas de políticos nacionais e
locais ao longo de tantas eleições no Brasil”, afirma, sobre a companhia
comandada por Murilo Ferreira
247 – O colunista José
Roberto de Toledo questiona a ‘ninharia’ na punição à Samarco pela “morte do
Rio Doce”.
“Há algo de errado no mundo quando caçar um animal silvestre pode
levar uma pessoa para a cadeia, mas destruir toda uma bacia hidrográfica,
provocar a morte de mais de uma dezena de pessoas, assorear rios caudalosos,
extinguir espécies inteiras, deixar meio milhão de pessoas sem água potável é
punido só com multa”, diz.
“Por enquanto fala-se em R$ 250 milhões.
É uma ninharia, para empresas desse
porte.
É menos do que a Vale - uma das sócias da Samarco – gastou financiando
campanhas de políticos nacionais e locais ao longo de tantas eleições no
Brasil”, afirma, sobre a companhia comandada por Murilo Ferreira (leia mais).
Publicado em novembro 16,
2015
Rompimento da barragem de rejeitos da Samarco em Mariana:
além de tudo, um clássico exemplo de irresponsabilidade na
gestão de riscos, por Álvaro Rodrigues dos Santos
Governador Valadares (MG) – Passagem da lama pelo Rio Doce, por causa do rompimento de duas barragens em Mariana, Minas Gerais, causa desastre ambiental
(Leonardo Merçon/Instituto Últimos Refúgios/Divulgação)
Não resta dúvida da
determinante participação de inaceitáveis descuidos com fatores de ordem
hidráulica e geotécnica entre as causas essenciais do rompimento de duas
barragens de rejeito da SAMARCO (Vale + BHP Billiton) no município de Mariana –
MG, e que vai tragicamente se consagrando como uma dos mais graves e letais
desastres em obras da engenharia brasileira.
No entanto, há um
fator importantíssimo que não vem sendo considerado, que se refere à
inadmissível ausência no âmbito da empresa de procedimentos inerentes a um
Plano de Gestão de Riscos. Ao menos, algo consistente e funcional.
Uma barragem, por
maiores e mais confiáveis que sejam os cuidados com sua segurança, será sempre
uma bomba armada.
Pelo que, a áreas do
vale a jusante das barragens que teoricamente pudessem ser atingidas pelas
águas e detritos liberados por uma eventual ruptura devem ser sempre
consideradas, na classificação internacional de riscos, como de Muito Alto
Risco (risco 4, o mais elevado).
Esse nível de
preocupação com as áreas a jusante de barragens foi especialmente aguçado após
a catástrofe de Banquiau. Em agosto de 1975, na província de Henan, na China,
ocorreu um dos mais graves e espetaculares acidentes em obras e engenharia da
história humana.
O rompimento das
barragens de regularização de cheias de Banquiao, no rio Ru, e Shimatan, no rio
Hong, provocou a morte de mais de 230.000 pessoas, 145.000 diretamente e 85.000
em conseqüência de uma série de desgraças que se seguiram (fome, falta de
atendimentos de emergência, doenças…).
Isso posto, salta aos
olhos o absurdo da inexistência de um Plano de Gestão de Riscos que levasse em
consideração as atividades humanas e os fatores ambientais no vale atingido,
com especial atenção para a ocupação urbana representada pelo o distrito de
Bento Rodrigues.
Houvesse atenção para
esses cuidados e de há muito a empresa SAMARCO deveria ter providenciado a
desocupação das áreas potencialmente mais vulneráveis, com o deslocamento de
seus ocupantes para áreas próximas garantidamente seguras.
Essas áreas então
desocupadas, e que coincidem hoje com a mancha de lama que pode ser vista em
imagens aéreas pós-rompimento, seriam então utilizadas para funções de baixa
presença humana, como bosques florestados e parques.
Ou seja, inaceitável
que nessas áreas de extremo risco tenha-se convivido todo esse tempo com a
instalação urbana de residências, escolas, comércio, etc.
Da mesma forma chama a
atenção a ausência de um Plano de Contingência que envolvesse, devidamente para
tanto treinada, a população do referido distrito.
Um Plano de
Contingência pelo qual cada cidadão saberia de antemão o que fazer de imediato
e urgente na eventualidade de um sinal combinado que indicasse qualquer
evidência de acidente com a barragem.
De imediato, talvez
essa a maior lição que situações similares que se espalham por todo o
território brasileiro possam tirar do doloroso desastre de Mariana: com a maior
urgência possível estruturar Planos de Gestão de Riscos que, por determinações
de caráter preventivo de relativamente fácil implementação, possam ao menos
evitar que vidas humanas sejam tão gratuita e estupidamente ceifadas.
Ex-Diretor de Planejamento
e Gestão do IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas
Autor dos livros “Geologia
de Engenharia: Conceitos, Método e Prática”, “A Grande Barreira da Serra do
Mar”, “Diálogos Geológicos”, “Cubatão”, “Enchentes e Deslizamentos: Causas e
Soluções”, “Manual Básico para elaboração e uso da Carta Geotécnica”.
Consultor em Geologia de
Engenharia e Geotecnia
Articulista e Colaborador
do Portal EcoDebate