FCO.LAMBERTO FONTES
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22 DE DEZEMBRO DE 2015
FOLHA:
OPOSIÇÃO SE MOVE
PELO MAIS RASTEIRO
CÁLCULO
POLÍTICO
Jornal de Otavio Frias ressalta
que o grupo capitaneado por PSDB e DEM aposta
na tese do quanto pior melhor:
“No caso das siglas de oposição, pode-se
concluir sem risco de errar que procrastina movida pelo mais rasteiro cálculo
político”;
“Não é só a oposição que se apequena, mas o
Congresso inteiro. Pôr-se de folga quando uma das piores crises consome o país
dá demonstração cabal de que ali imperam
a miopia e a alienação”, conclui
247
– A ‘Folha de S. Paulo’
destaca a motivação da oposição de seguir com sua tese do quanto pior melhor:
“No caso das siglas de oposição, pode-se concluir sem risco de errar que
procrastina movida pelo mais rasteiro cálculo político”.
“Não é só a oposição que se apequena, mas o Congresso
inteiro. Pôr-se de folga quando uma das piores crises consome o país dá
demonstração cabal de que ali imperam a miopia e a alienação”, conclui.
Leia o editorial abaixo:
Salvo
na hipótese improvável de uma recaída de bom senso e espírito público entre
deputados e senadores, o Congresso Nacional entrará em recesso nesta
quarta-feira (23). Os trabalhos serão retomados somente em 2 de fevereiro.
A
incerteza quanto ao encaminhamento da crise econômica e política em que o país
vem mergulhado, assim, se prolongará por longas e desnecessárias seis semanas.
Os parlamentares agem como se não
estivesse em pauta nenhum "caso de urgência ou interesse público
relevante", premissas previstas na Constituição para convocar de forma
extraordinária o Congresso.
Se a
escolha de uma nova comissão especial da Câmara para começar a analisar o
impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) não satisfaz, para deputados e
senadores, as condições de urgência e relevância, fica difícil imaginar o que,
a seu juízo, as satisfaria.
No
caso das siglas de oposição, pode-se concluir sem risco de errar que
procrastina movida pelo mais rasteiro cálculo político.
Tendo
embarcado de início numa aliança de conveniência com o desatinado presidente da
Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), as bancadas de partidos como PSDB e DEM
parecem já se dar conta de que seria mais prudente desvincular o impeachment de
sua figura.
Mais
ainda, avalia-se nas fileiras oposicionistas que a aprovação do afastamento de
Dilma seria mais factível bem depois do Carnaval, que começa na semana de
retorno do recesso parlamentar.
Passadas
as festividades, acredita-se, os protestos contra o governo federal ganhariam
novo ímpeto, originando a pressão das ruas sem a qual muitos consideram ser
inviável aprovar o impedimento.
Após
os resultados discretos da semana passada, movimentos anti-Dilma depositam
esperanças no evento marcado para 13 de março.
Com
outros três meses de paralisia, fermentaria ainda mais o ingrediente decisivo
da crise econômica, com o agravamento de efeitos que já inquietam o país:
desemprego e inflação em alta, atrasos no pagamento de funcionários públicos,
retração de serviços sociais etc.
Antes
disso, um processo contra Dilma teria menos chance de prosperar, entende a
oposição calculista –e, como o Datafolha mostrou, houve nos últimos meses leve
melhora na imagem da presidente.
Para
usar uma expressão que no passado se assestava com frequência contra o PT, o
grupo capitaneado por PSDB e DEM aposta na tese do quanto pior melhor.
Não é
só a oposição que se apequena, mas o Congresso inteiro.
Pôr-se de folga quando uma das piores
crises consome o país dá demonstração cabal de que ali imperam a miopia e a
alienação.