FCO.LAMBERTO FONTES
Trabalha em JORNALISMO INTERATIVO
Mora em ARAXÁ/MG
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Uma
investigação feita em sigilo, sem que os investigados saibam o que se está
descobrindo sobre eles e não possam interferir nos trabalhos, é o cenário ideal
para quem investiga.
O sigilo permite que a apuração dos prováveis ilícitos
seja feita com mais tranquilidade e eficácia. Quando concluída a investigação,
são abertos os procedimentos que asseguram o direito de defesa aos acusados.
Há outro aspecto da investigação sigilosa que
é importante.
Se o que está sendo apurado ainda não permite conclusões sobre a
culpabilidade dos suspeitos, o sigilo impede que inocentes sofram execração
pública e sejam vítimas de condenações prematuras, especialmente pela imprensa
e pela chamada opinião pública.
Fatos citados em depoimentos dados em delação
premiada, por exemplo, devem ser checados e apurados, pois podem não ser
verdadeiros.
Por que, então, há tantos vazamentos nas
operações anticorrupção que vêm sendo realizadas pelo Ministério Público e pela
Polícia Federal, sob comando da Justiça?
A quem interessam esses vazamentos?
Como ninguém – nem a polícia, nem o MP, muito menos a imprensa --se dispõe a
investigá-los, o que poderia levar aos culpados, temos de ficar apenas nas
hipóteses e especulações.
Os vazamentos, sem dúvida, muito contribuem
para acirrar a crise política e desgastar o governo.
Até porque, nitidamente,
têm como alvo preferencial pessoas ligadas ao governo de Dilma Rousseff.
E
quando vaza algo de oposicionistas, especialmente se tucanos, a dita grande
imprensa se encarrega de minimizar os fatos, quando não os esconde.
Nesse caso, há um claro interesse político ou
ideológico de quem vaza.
O vazamento é um dos instrumentos utilizados pelos
oposicionistas e seus aliados no Judiciário, no Ministério Público, na Polícia
Federal e na imprensa para cumprir o objetivo de desgastar e inviabilizar o
governo e criar um ambiente favorável ao afastamento da presidente da
República.
Mas também há interesses menores.
Todos os
que lidam com a imprensa, de um lado ou do outro do balcão, sabem que a
informação é uma importante moeda de troca na relação com jornalistas.
Não é
segredo, não adianta negar.
A autoridade ou funcionário dá informações para ter
como retorno o bom tratamento ou o favorecimento pelo jornalista e pelo
veículo.
É uma espécie de toma lá dá cá peculiar à atividade da imprensa.
Não é estranho, assim, que juízes,
promotores, delegados e agentes passem para jornalistas e veículos “amigos”
informações que, publicadas, terão repercussão e darão prestígio aos que as
publicam.
Algumas, “ouro puro”, como se diz nas redações.
Esse tipo de
vazamento existe até nas antessalas da presidente da República, por ministros
que querem estar bem com repórteres e colunistas e não estão nem aí em preservar
o governo.
Faz parte.
Há outro interesse menor, bem coerente com a
corrupção que se investiga.
É o vazamento em troca de dinheiro.
Esse tipo de
prática é, infelizmente, utilizado especialmente por advogados, lobistas e
gerenciadores de crises que muitas vezes precisam de informações qualificadas
para estruturar suas argumentações.
É bastante comum em varas e tribunais, por
mais que se negue. Um dinheirinho para liberar um papel, apressar um trâmite,
coisa simples.
O lado mais negativo dos vazamentos, especialmente
dos que têm interesses políticos por trás, é a divulgação escandalosa de frases
e situações fora de contexto e que levam leitores e espectadores a inferirem
que o personagem atingido é irremediavelmente culpado.
O que não deixa de ser
natural, no clima de corrupção generalizada. É com esse tipo de vazamento que
uma conversa inocente ou que nada tem de ilegal é apresentada como indício de
grave irregularidade.
Ou que a uma situação legítima seja dada uma aparência de
malfeito em último grau.
O prejulgamento é inevitável.
Apurar todas as denúncias de corrupção é
fundamental, tudo tem de ser profundamente investigado e um bom trabalho está
sendo feito.
Mas essa investigação não pode ser seletiva nem ter fins políticos
e partidários, com vazamentos direcionados e manipulados.