FCO.LAMBERTO FONTES
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publicado
em 27 de março de 2016
por Fábio
Garrido*
Professor em Minas Gerais
descobre em sala de aula
como a mídia desinforma
Meme disseminado por adversários do impeachment e charge de Ivan Cabral sobre a Globo |
Ontem
num debate sobre ética em uma aula minha percebi o resultado da estratégia da
manipulação midiática.
Todos os meus alunos achavam que o processo de impeachment
contra a Dilma (golpe) era por causa da Lava Jato.
Quando comecei a explicar que a tese do impeachment (golpe) era
de que a presidenta usou dinheiro da Caixa Econômica Federal para manter os
programas sociais eles ficaram perplexos.
— Mas professor, ela não roubou?
— Não, não é acusada de ter roubado um único centavo. A única
coisa que fez foi colocar dinheiro público de um banco estatal em programas
sociais, e depois, devolver esse dinheiro à Caixa.
Isso foi suficiente para passarem a se posicionar contra o
impeachment e se sentirem enganados pelos meios de comunicação que misturam uma
coisa com a outra o tempo todo.
Agora pergunto: isso é fazer propaganda petista ou cumprir com a
minha obrigação como professor de filosofia de questionar a massificação da
propaganda ideológica golpista feita pelos meios de comunicação?
Acredito firmemente que a função da filosofia no ensino médio
deva ser possibilitar que os alunos pensem criticamente a sociedade. Isso
significa pensar por conta própria. E numa época de mídia de massa onde os
meios de comunicação, principalmente a Globo que comprovadamente já participou
de alguns movimentos golpistas na nossa história, determinam os rumos da
política, temos a obrigação de desconstruir a ideologia dominante.
Ideologia essa que nos leva a passos largos para o abismo
fascista.
Adorno após a Segunda Guerra já nos alertava da necessidade de
uma Educação pós-Auschwitz.
Não temos portanto o direito de aderir à histeria da classe
média, frustrada em suas pulsões consumistas durante um período de crise
mundial.
Nem o niilismo, nem o individualismo pós-moderno atendem as
necessidades de enfrentar o avanço fascistizante.
Apenas o apelo à razão, tão surrada nos últimos tempos, nos serve
neste momento.
As classes se levantam e se conflitam no movimento dialético da
história. Não há espaço para torres de marfim.
Heidegger não foi perdoado. Já conhecemos o mundo onde pisamos.
Faz-se urgente transforma-lo.
Ou deixaremos a tristeza e a servidão como únicas heranças para
os pensadores(as) do futuro.
O golpe está em andamento diante dos nossos olhos. O silêncio
não é uma opção.
*Professor de
Filosofia da Rede Estadual de Minas Gerais; membro da Direção Estadual do
Sindute