FCO.LAMBERTO FONTESTrabalha em JORNALISMO INTERATIVOMora em ARAXÁ/MG
07 / 05 / 2022, DO SÉCULO 21
Em entrevista,
especialista lembra que região é responsável por 70%
da água da região
metropolitana – e que
O licenciamento
para a atividade de mineração na Serra do Curral ganhou destaque no noticiário
na última semana, seja por conta da celeridade do processo como pela
importância da região em termos ambientais.
“A Serra do Curral é a serra que circunda toda
a área de Belo Horizonte, Nova Lima, Sabará, da capital”, diz o jornalista
Maurício Angelo, fundador do Observatório da Mineração, em entrevista à TV
GGN 20 horas nesta sexta-feira (06/05).
Uma referência à importância da Serra do Curral para Belo
Horizonte é como se, no Rio de Janeiro, fosse autorizada a mineração no Pão de
Açúcar.
“A Serra já tem um projeto de mineração, que fez um buraco por
trás da Serra – era um projeto da Vale, antigo, que foi desativado no início
dos anos 2000″, diz Angelo, lembrando que esse projeto “gerou um buraco que
está ali por trás da área visível da área da serra, em Belo Horizonte”.
De acordo com o jornalista, o projeto em questão não só é
próximo ao projeto desativado da Vale, como pretende explorar “o coração da
Serra do Curral”, entre as cidades de Belo Horizonte, Nova Lima e Sabará.
“(O
projeto) vai afetar diretamente as nascentes, que são fundamentais para o
abastecimento de água da cidade – a adutora que abastece 70% da região
metropolitana de Belo Horizonte, com a Copasa, passa por ali. É uma área de um
valor biológico inestimável, você tem inúmeras áreas de proteção e conservação”,
diz Maurício Angelo.
Segundo
Mauricio Angelo, o projeto apresenta uma série de ilegalidades desde a sua
aprovação pelo governo estadual – a começar pela prefeitura de Nova Lima, que
deu uma declaração de conformidade que vai contra o próprio Plano Diretor,
formulado em 2007.
“O
argumento é que os requerimentos minerários na eminência desse projeto seriam
de antes de 2007 e, portanto, estariam aprovados – o que não é verdade”, diz o
fundador do Observatório da Mineração.
“Apenas
um desses requerimentos teve a lavra outorgada, os outros não. São depois de
2007, portanto, o impedimento está em áreas na cidade de Nova Lima em que não é
permitida a mineração”.
Angelo lembra ainda que a cidade de Belo Horizonte, que será
diretamente afetada pela exploração da área, sequer foi ouvida na formulação do
projeto e nem nos estudos iniciais.
“Tanto
é que a Prefeitura, agora, entrou com uma ação na Justiça contra esse
licenciamento. A Prefeitura de Belo Horizonte entrou na Justiça contra o Estado
de Minas, que concedeu a licença, contra a empresa Tamisa”, diz o jornalista do
Observatório da Mineração.
O
Ministério Público de Minas Gerais também entrou com uma nova ação judicial – a
instituição já havia apresentado uma ação contra a autorização expedida em Nova
Lima, e agora entrou contra o licenciamento concedido pelo Copam (Conselho
Estadual de Política Ambiental, ligado à Secretaria de Estado do Meio Ambiente
e Desenvolvimento).
“O
licenciamento foi dado em uma reunião do Copam, o órgão responsável, que
terminou às três horas da manhã. Durou mais de 18 horas a reunião, vários
ambientalistas, dezenas se inscreveram para falar e aprovaram esse
licenciamento às três horas da manhã como se fosse, realmente, não podia
esperar mais”, afirma Maurício Angelo.
Irregularidades em série
A
Tamisa, empresa que venceu a licitação para explorar a área, pertence à empresa
Cowan – a responsável por construir o viaduto que desabou em Belo Horizonte em
2014, deixando vítimas fatais.
Além disso, Maurício Angelo lembra que o Copam “foi também a
mesma entidade que aprovou, por exemplo, a licença para a barragem de
Brumadinho um mês antes dela romper, e também aprovou a licença na mesma área
do projeto da Vale”.
“(A
Copam) foi a mesma que aprovou a licença para Mariana e para outros projetos
muito delicados e complicados, como o da Vallourec que transbordou no início
desse ano, mais recentemente, também concedeu uma licença ignorando todos os
alertas de ambientalistas na época (…)”, lembra o fundador do Observatório da
Mineração.
Sobre a posição do governador de MG, Romeu Zema (Partido Novo), Maurício Angelo afirma que o governador declarou que as pessoas comuns não podem opinar a respeito, apenas os técnicos.
“Os técnicos da Secretaria de Meio Ambiente, que são gente extremamente competente, e só eles tem capacidade para falar sobre o caso. E quem não conhece em detalhes não pode opinar”, diz Maurício Angelo. “Ou seja: ele está 100% ao lado das mineradoras e está, diretamente, excluindo a população do debate”.
DO BLOGUEIRO: Quando o gov, Romeu se refere à "pessoas comuns" o que passava pelo seu cérebro de ultra direitista e bolstanarista de carteirinha,???
Assista neste vídeo as questões que colocam Minas Gerais na "checagem" das mineradoras, energia elétrica e meio ambiente. Apontando governadores incompetentes e oportunistas.
https://www.youtube.com/watch?v=s1-bzJgjCH4